domingo, 16 de outubro de 2011

REGULAMENTO MODELO DA MEDIAÇÃO
                       
                        APRESENTAÇÃO
                        PROCEDIMENTOS:
                        INÍCIO DO PROCESSO
                        REPRESENTAÇÃO E ASSESSORAMENTO
                        PREPARAÇÃO
                        ESCOLHA DO MEDIADOR
                        ATUAÇÃO DO MEDIADOR
                        IMPEDIMENTOS E SIGILO
                        DOS CUSTOS
                        RESPONSABILIDADE DO MEDIADOR
                        DO ACORDO
                        ENCERRAMENTO
                        DISPOSIÇÕES FINAIS


A CAMECE ADOTA O REGULAMENTO MODELO DA MEDIAÇÃO PRODUZIDO PELO CONIMA - CONSELHO NACIONAL DE MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM - PARA AS MEDIAÇÕES QUE ADMINISTRA

REGULAMENTO MODELO DA MEDIAÇÃO


APRESENTAÇÃO

            As decisões de consenso obtidas por meio da composição, são cada vez mais eficazes para a solução das controvérsias. Para tal resultado, é possível se valer da Mediação.

            A Mediação é um Processo, não-adversarial e voluntário de resolução de controvérsias, por intermédio do qual, duas ou mais pessoas, físicas ou jurídicas, buscam obter uma solução consensual, que possibilite preservar o relacionamento entre elas. Para isso recorrem a um terceiro facilitador  o Mediador, especialista imparcial, competente, diligente, com credibilidade, e comprometido com o sigilo, que estimule, viabilize a comunicação e auxilie na busca da identificação dos reais interesses envolvidos.

            O Mediador, através de uma série de procedimentos e de técnicas próprias, identifica os interesses das partes e constrói com elas, sem caráter vinculativo, opções de solução, visando o consenso e/ou a realização do acordo.

            A Mediação envolve aspectos emocionais, relacionais, negociais, legais, sociológicos, entre outros. Assim, quando necessário, para atender as peculiaridades de cada caso, também poderão participar do Processo profissional especializado nos diversos aspectos que envolvem a controvérsia, permitindo uma solução interdisciplinar, por meio da complementaridade do conhecimento.

            Co-mediação é o processo realizado por dois mediadores, que permite uma reflexão e amplia a visão da controvérsia, propiciando um melhor controle da qualidade da Mediação.

            A opção pela Mediação prestigia o poder dispositivo das partes; possibilita a celeridade na resolução das controvérsias e reduz os custos. Os procedimentos são confidenciais e a responsabilidade das decisões cabe às partes envolvidas.
            A Mediação possui características próprias, que a diferenciam de outras formas de Resolução de controvérsias, possibilitando, inclusive, estabelecer a priori, futura adoção da Arbitragem.

            O compromisso com as pessoas envolvidas na controvérsia, a importância do instituto para a sociedade e a seriedade imprescindível ao seu exercício, exigem do Mediador uma formação adequada e criteriosa que o habilite.

            Mediação é um acordo de vontades, motivo pelo qual deverá ser objeto de um contrato sempre que for instalado seu procedimento, que prescinde de regulamentação legal, muito embora se faça necessário alcançar uma desejável uniformidade dos seus princípios e regras gerais.

            São os PRINCÍPIOS BÁSICOS a serem respeitados no Processo da Mediação:

-           o caráter voluntário;
-           o poder dispositivo das partes, respeitando o princípio da autonomia da vontade, desde que não contrarie os princípios de ordem pública;
-           a complementaridade do conhecimento;
-           a credibilidade e a imparcialidade do Mediador;
-           a competência do Mediador, obtida pela formação adequada e permanente;
-           a diligência dos procedimentos;
-           a boa fé e a lealdade das práticas aplicadas;
-           a flexibilidade, a clareza, a concisão e a simplicidade, tanto na linguagem quanto nos procedimentos, de modo que atenda à compreensão e às necessidades do mercado para o qual se volta;
-           a possibilidade de oferecer segurança jurídica, em contraponto à perturbação e ao prejuízo que as controvérsias geram nas relações sociais;
-           a confidencialidade do processo.

         Notas Explicativas:

            Estas regras são aplicáveis para o Processo de Mediação de controvérsias surgidas de contratos e outras relações sociais, escolhido pelas partes que buscam um acordo.

            O presente regulamento, em conjunto com o Código de Ética dos Mediadores, se aplica a todas as Mediações, ou seja, àquelas organizadas por instituições ou entidades especializadas e, “ad hoc”, assim entendida a Mediação que for realizada por profissional escolhido pelas partes, desvinculado de qualquer instituição ou entidade, em tudo o que for compatível.

            Recomenda-se a todas as instituições e entidades, governamentais e privadas, organizadas para o serviço da Mediação, assim como a todos os Mediadores "ad hoc", que pautem sua atuação pelo Regulamento Modelo da Mediação e o Código de Ética dos Mediadores.

PROCEDIMENTOS

CAPÍTULO I
Início do Processo

Artigo 1º

            Qualquer pessoa jurídica ou física capaz, pode requerer a Mediação para solução de uma controvérsia, a instituições ou entidades especializadas, ou a Mediadores ad hoc.

Artigo 2º

            A solicitação da Mediação, bem como o convite à outra parte para dela participar, deverão, preferencialmente, ser formulados por escrito.

Artigo 3º

            Quando a outra parte não concordar em participar da Mediação, a primeira será imediatamente comunicada por escrito.

            I.         Recomenda-se que o período compreendido entre a procura inicial e a entrevista de Pré-Mediação (Art 5 o), não ultrapasse 30 (trinta) dias.

CAPÍTULO II
Representação e Assessoramento

Artigo 4º

            As partes deverão participar do Processo pessoalmente. Na impossibilidade comprovada de fazê-lo, podem se fazer representar por uma outra pessoa, com procuração que outorgue poderes de decisão.
            As partes podem se fazer acompanhar por advogados e outros assessores técnicos, e pessoas de sua confiança ou escolha, desde que estas presenças sejam convencionadas entre as partes e consideradas pelo Mediador úteis pertinentes ao necessário equilíbrio do processo.

CAPÍTULO III
Preparação
(Pré-Mediação)

Artigo 5º

            O Processo iniciará com uma entrevista (Pré-Mediação) que cumprirá os seguintes procedimentos:
I.         as partes deverão descrever a controvérsia e expor as suas expectativas;
II.        as partes serão esclarecidas sobre o processo da Mediação, seus procedimentos e suas técnicas;
III.      as partes deliberarão se adotarão ou não a Mediação como método de resolução de sua controvérsia;
IV.      as partes escolherão o Mediador, nos termos do Capítulo IV, que poderá ser ou não aquele que estiver coordenando os trabalhos da entrevista.
            Recomenda-se que o período compreendido entre a entrevista de Pré-Mediação e aquela que propiciará a negociação de procedimentos e a assinatura do Termo de Mediação, não ultrapasse 15 (quinze) dias.

Artigo 6º

            Reunidas após a escolha do Mediador, e com a sua orientação, as partes devem firmar o contrato (Termo de Mediação) onde fiquem estabelecidas:
I.         a agenda de trabalho;
II.        os objetivos da Mediação proposta;
III.      as normas e procedimentos, ainda que sujeitos à redefinição negociada a qualquer momento durante o processo, a saber:

• extensão do sigilo no que diz respeito à instituição, ao mediador, às partes e demais pessoas que venham a participar do processo;
                                              
• estimativa do seu tempo de duração, freqüência e duração das reuniões;

• normas relativas às reuniões privadas e conjuntas;

• procedimentos relativos aos documentos aportados à Mediação e aos apontamentos produzidos pelos mediadores;

IV.      as pessoas que as representarão, mediante procuração com poderes de decisão expressos, ou as acompanharão, se for o caso;

V.        lugar e o idioma da Mediação, ou, se assim o desejarem, deixar a critério da instituição ou entidade organizadora do serviço;

VI.      os custos e forma de pagamento da Mediação, observado o disposto nos artigos 16 e 17;

VII.     o nome dos mediadores e, se for o caso, da instituição promotora.

CAPÍTULO IV
Escolha do Mediador

Artigo 7º

            O Mediador será escolhido livremente pelas partes em lista de Mediadores oferecida por instituição ou entidade organizadora do serviço ou, se as partes assim o desejarem, indicado pela referida instituição ou entidade; ou ainda, profissional escolhido pelas partes:

I.         o(s) mediador (es) escolhido(s) pelas partes não pertencente(s) à entidade organizadora, estará(ão) sujeito(s) à aprovação da referida entidade;

II.        o(s) mediador (es) eleito(s) pelas partes manifestará(ão) sua aceitação e firmará(ão)  o Termo de Independência relativo à sua atuação.
           
            Se, no curso da Mediação, sobrevier algum impedimento ou impossibilidade de participação do mediador, haverá a escolha de novo mediador segundo o critério eleito pelas partes.

Artigo 8º

            O Mediador único escolhido poderá recomendar a co-mediação, sempre que julgar benéfica ao propósito da Mediação.


CAPÍTULO V
ATUAÇÃO DO MEDIADOR

Artigo 9º

            As reuniões de Mediação serão realizadas preferencialmente em conjunto com as partes.
            Parágrafo Único: havendo necessidade e concordância das partes, o Mediador poderá reunir-se separadamente com cada uma delas, respeitado o disposto no Código de Ética dos Mediadores quanto a igualdade de oportunidades e quanto ao sigilo nessa circunstância.

Artigo 10º

            O Mediador poderá conduzir os procedimentos da maneira que considerar apropriada, levando em conta as circunstâncias, o estabelecido na negociação com as partes e a própria celeridade do processo.

Artigo 11º

            O Mediador cuidará para que haja equilíbrio de participação, informação e poder decisório entre as partes.

Artigo 12º

            Salvo se as partes dispuserem em contrário, ou a lei impedir, o Mediador pode:
I.         aumentar ou diminuir qualquer prazo;
II.        interrogar o que entender necessário para o bom desenvolvimento do Processo;
III.      solicitar às partes que deixem à sua disposição tudo o que precisar para sua própria inspeção ou de qualquer perito; bem como a apresentação de documento ou classe de documentos que se encontrem em sua posse, custódia ou poder de disposição, desde que entenda relevante para sua análise, ou por qualquer das partes;
IV.      solicitar às partes que procurem toda informação técnica e legal necessária para a tomada de decisões.


                                  
CAPÍTULO VI
Impedimentos e Sigilo

Artigo 13º

            O Mediador fica impedido de atuar ou estar diretamente envolvido em procedimentos subseqüentes à Mediação, tais como na Arbitragem ou no Processo Judicial quando a Mediação obtiver êxito ou não, a menos que as partes disponham diferentemente.

Artigo 14º

            As informações da Mediação são confidenciais e privilegiadas. O Mediador, qualquer das partes, ou outra pessoa que atue na Mediação, não poderá revelar a terceiros ou serem chamados ou compelidos, inclusive em posterior Arbitragem ou Processo Judicial, a revelar fatos, propostas e quaisquer outras informações obtidas durante a Mediação.

Artigo 15º

            Os documentos apresentados durante a Mediação deverão ser devolvidos às partes, após análise. Os demais deverão ser destruídos ou arquivados conforme o convencionado.
                                  
CAPÍTULO VII
Dos Custos

Artigo 16º

            (O rateio d) Os custos, assim consideradas as despesas administrativas e os honorários do Mediador, serão rateados entre as partes, salvo disposição em contrário. No caso da Mediação, realizada por instituição ou entidade especializada, estes custos deverão seguir as respectivas tabelas.

Artigo 17º

            Os honorários do Mediador deverão ser acordados previamente, e poderão ser estabelecidos por hora trabalhada ou outro critério definido com as partes. Quando a Mediação for realizada por meio de instituição ou entidade especializada, serão adotadas as respectivas tabelas.


CAPÍTULO VIII
Responsabilidade do Mediador

Artigo 18º
            O Mediador, agindo de conformidade com a norma legal e ética, boa-fé e vontade das partes, fica eximido de responsabilidade civil e penal quanto à prestação do serviço.

CAPÍTULO IX
Do Acordo

Artigo 19º

            Os acordos constituídos na mediação podem ser totais ou parciais.
            Caso alguns itens da pauta de mediação não tenham logrado acordo, o mediador poderá atuar na negociação destinada a auxiliar as partes a elegerem outros meios extrajudiciais ou judiciais para a sua resolução.

Artigo 20º

            Em consonância com o desejo das partes, os acordos obtidos na mediação podem ser informais ou constituírem-se títulos executivos extrajudiciais incorporando a assinatura de duas testemunhas, preferencialmente os advogados das partes ou outra(s) por elas indicadas.
            Se as partes assim o desejarem, os acordos poderão ganhar linguagem jurídica para serem homologados judicialmente. Nestes casos, os mediadores deverão manter-se disponíveis para auxiliar na manutenção da fidelidade ao texto original.
                                  
CAPÍTULO X
Encerramento
Artigo 21º

            O Processo de Mediação encerra-se:
I.         com a assinatura do termo de acordo pelas partes;
II.        por uma declaração escrita do Mediador, no sentido de que não se justifica aplicar mais esforços para buscar a composição;
III.      por uma declaração conjunta das partes, dirigida ao Mediador com o efeito de encerrar a Mediação;
IV.      por uma declaração escrita de uma parte para a outra, e para o Mediador, com o efeito de encerrar a Mediação.
                                  
CAPÍTULO XI
DISPOSIÇÕES FINAIS

Artigo 22º

            É recomendável que as partes passem a inserir Cláusula de Mediação nos contratos em geral que venham a firmar, tal como o modelo proposto:
            Se uma controvérsia surgir em razão deste contrato ou posteriores adendos, incluindo, sem limitação, o seu descumprimento, término, validade ou invalidade, ou qualquer questão relacionada com o mesmo, as partes convencionam desde já que primeiramente irão buscar uma solução por meio da Mediação, fundadas no princípio da boa fé, antes de recorrer a outros meios judiciais ou extrajudiciais para resolução de controvérsias.
Artigo 23º

            Caberá às partes deliberarem sobre lacunas do presente regulamento, podendo delegar essa tarefa a instituição ou entidade especializada a que estiver vinculada a Mediação, se assim o desejarem.

                                               CONIMA                                                    
    Conselho Nacional das Instituições de Mediação e Arbitragem 



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JUIZ MEDIADOR INTERNACIONAL DE CONFLITOS

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